fonte: CBN

Os seis hospitais administrados pelo Ministério da Saúde são um resquício da época em que a cidade era a capital do Brasil. Já foram motivo de orgulho no atendimento, mas não conseguem sair da crise que explodiu há pelo menos uma década, quando o governo federal interveio na gestão. No Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte, o número de profissionais é incompatível com a demanda, segundo o relatório de gestão do ano passado. O resultado é uma espera longa e muitas vezes inútil, porque faltam médicos, como relata uma profissional que trabalha na unidade.

“Já vi até plantões de emergência no hospital sem médico, sem cirurgião. Falta medicação, falta material, às vezes falta luva para o cirurgião. Você quer operar e não tem luva do meu tamanho. É muita complicação operar com luva maior. Médico, técnico de enfermagem, enfermeira. É uma deficiência no hospital como um todo.”

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No Hospital dos Servidores, no Centro, a queda no número de cirurgias nos últimos seis anos foi de 75%. Em 2008, foram realizadas 28.100 operações na unidade. No ano passado, foram pouco menos de sete mil. Das 20 salas de cirurgia, sete estavam fechadas, segundo o TCU. O motivo: falta de anestesistas e enfermeiros. Já no Hospital do Andaraí, a quantidade de cirurgias caiu 71%, mas mesmo quem consegue se operar não tem vida fácil. A mãe da vendedora Andreia Tassos retirou um tumor da vesícula em agosto, mas ainda não sabe se precisa continuar se tratando contra o câncer: o exame que faria esta avaliação ainda não foi feito porque o equipamento está quebrado:

“Nós já estivemos aqui para pegar esse laudo, junto com o médico, e não estava pronto. Marcaram para hoje, depois de um mês, e a máquina quebrou. Agora vamos esperar mais um mês para saber se vamos conseguir reaver esse laudo.”

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Apesar dos relatórios de gestão oficiais, enviados pelas unidades ao TCU, indicarem uma queda de mais de 50% no número de cirurgias nos hospitais federais do Rio, o Ministério da Saúde informou que usa outros dados para atestar a produtividade das suas unidades. Na nota enviada à CBN, o ministério diz que o número de cirurgias “não acusou variação significativa”. O órgão culpou greves em 2012, 2014 e 2015 pela queda da produção cirúrgica. Já sobre a redução de 17% do número de profissionais, o ministério disse apenas que está investindo na ampliação da capacidade de atendimento.

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